Em uma das palestras, foi solicitada a participação de três voluntárias no palco. Eu nem sabia para o que era, mas levantei e fui.

No caminho, já me arrependi: “será que vou passar vergonha?”, “e se for para fazer alguma coisa que eu não sei?”.

Mas eu sou assim, eu vou. Com medo, tremendo, com frio na barriga, mas vou.

Lá em cima, a palestrante pediu para que cada uma de nós apresentasse o nosso negócio em 30 segundos. É o chamado pitch – um jeito de mostrar seu serviço ou produto para investidores (ou potenciais clientes) de forma breve e objetiva, a fim de “fisgar” a atenção de quem está ouvindo.

Falei do meu projeto focado em boas notícias que conta com um site, uma página no Facebook, no Instagram e um canal no YouTube. Em 30 segundos – e sem gaguejar – disse que o propósito dele é inspirar as pessoas com histórias motivadoras e mostrar que tudo o que precisamos para fazer o mundo melhor já existe, a gente só precisa conectar (daí o nome: Tudo Já Existe, ba dum tss).

Quando terminei a apresentação, a palestrante deu risada: “olha, pessoal, ela treinou, mas eu não tinha contado pra ela o que era pra fazer, não”.

E sim, eu treinei. Eu treinei todos os dias da minha vida desde o momento em que pensei no projeto.

Eu treinei a melhor maneira de apresentá-lo, de divulgá-lo, de mostrar a relevância social que ele tem e as possibilidades comerciais também.

Eu  treinei e continuo treinando, à espera de uma oportunidade de poder falar sobre ele – seja para uma plateia de 400 mulheres, seja para um amigo novo num café ou para o responsável comercial de uma multinacional.

Eu treinei porque tudo o que eu queria era ter a chance de falar dele e a chance finalmente chegou.

Eu treinei e treino da mesma forma que ensaio discursos para receber prêmios – sabe Deus quais.

Até a minha participação no arquivo confidencial do Faustão já está devidamente planejada (vai que, né?). Um dia, a oportunidade aparece. A gente constrói os caminhos e eles de repente se abrem à nossa frente.

Pare para pensar em quantas coisas incríveis têm acontecido aqui no Clube da Alice. Quantas de nós deram entrevistas para a tv, foram ao Encontro com Fátima Bernardes, tiveram um post viral e bombaram centenas de pedidos?

No dia em que surgir a bolsa de estudos com a qual você tanto sonha. A viagem para fora do país que você tanto planeja. O investimento ou o número de clientes que você tanto precisa para fazer o negócio deslanchar.

Não há desespero. Eu gaguejei muitas vezes antes de subir naquele palco. Eu errei muitas vezes e falei do projeto como se fosse algo pequeno, com medo do que iriam achar. Houve outras chances em que eu não estava pronta. Mas foi justamente por ter vivido isso que eu resolvi que estaria preparada para as próximas oportunidades. Não deixaria elas passarem por nada nesse mundo.

Não sei o que te impede, mas quero encorajá-la a treinar. Seja o que for. Não adie mais o curso do inglês, a formação em empreendedorismo, o início da pós, da graduação ou do Encceja, a organização da linha de produção para ampliar a capacidade produtiva.

O caminho se abre depois do primeiro passo – e isso pode demorar pouco ou muito tempo, não importa.