fbpx
Vamos falar de Autismo?

O Autismo e a verdadeira inclusão escolar


Meu filho com TEA é realmente incluído na escola regular?

As crianças com Transtorno do Espectro Autista têm o direito de frequentar o ensino regular,
mas, para que tenham assegurado o aprendizado educacional e social, elas precisam estar
incluídas na rotina escolar – o que vai muito além de apenas ir à escola. Então, como saber se a
escola promove a inclusão de pessoas com TEA?

 

 

A Professora Drª Maria de Fátima Minetto, da Universidade Federal do Paraná, esteve no I Seminário Internacional Self, realizado no ano passado em Curitiba, e ministrou palestra sobre
tema. Segundo ela, “enquanto a gente precisar falar de inclusão, é porque ela ainda não está
acontecendo de fato”. Uma vez que a criança tem uma conexão direta com o contexto para
se desenvolver, o ambiente direciona esse processo. Para que a aprendizagem aconteça,
ela precisa de interação, afetividade e envolvimento de adultos na escola.

Segundo a professora, inclusão é aprender a lidar com a criança nas características que ela
tem e ela aprender a lidar com o meio, ou seja, as pessoas que estão à sua volta. O propósito
da inclusão não é deixar uma criança igual à outra, e sim que todas consigam aprender, ainda
que de forma e em tempos diferentes dos demais.

O primeiro ponto necessário para assegurar a inclusão seria garantir a autonomia da criança,
sendo que a escola deve escutar atentamente o que ela tem a dizer. O segundo ponto seria a
busca da socialização.

 

 

Minetto argumenta que muitos profissionais que atuam hoje sequer aprenderam a teoria da
inclusão, por ser um conteúdo que não é trabalhado há muito tempo nos currículos
acadêmicos. E, para os profissionais mais novos que veem a disciplina na faculdade, quando se
entende a teoria, ela vai exigir mudanças na prática das escolas.

“Eu posso ser ótima na teoria e não conseguir ter uma ação prática. Ao mesmo tempo em que eu posso ser uma pessoa que domina a organização do currículo, mas eu não consigo criar vínculo com a criança. Eu acho que eu não posso me apegar muito e se eu faço isso, eu crio uma vala. Provavelmente esse profissional que tem essa ideia que tem que entender muito da teoria, ele olha para a criança e vê o TEA, e não vê a criança”.

Esse é um grande obstáculo para a inclusão, visto que crianças com TEA precisam muito mais
do que adaptações físicas no local de ensino – a sensibilidade e vínculo do educador têm papel
crucial para entender as necessidades da criança e conseguir estimular seu desenvolvimento.

Como os autismos são muitos, cada criança deve ser tida com muita atenção na escola, para que os professores criem estratégias específicas e individualizadas.

Essas estratégias vão incluir também materiais de adaptação. Por exemplo, se a criança tem
dificuldade de concentração quando os pés ficam soltos na cadeira, uma sugestão é fazer uma
adaptação ergonômica, acrescentando uma almofada na frente da cadeira, para que os pés
fiquem firmes. Cada uma tem necessidades específicas que, quando identificadas, podem ter
recursos adaptados para o ambiente escolar.

 

Como solucionar os problemas na escola?

Como resultado de uma falsa inclusão, muitas crianças com TEA encontram problemas sérios
de socialização, que podem evoluir para comportamentos inadequados. Assim como as
estereotipias, reações como brigas, discussões, gritos e ações similares podem ser apenas um
sinal de que a inclusão não está, de fato, acontecendo na escola.

“Quando eu chego à escola e falam assim: ‘nós mandamos bilhete para a mãe’, é a última coisa que tinha que ter feito. ‘A gente tirou do recreio’, ‘a gente trocou de sala’, nós estamos atacando o sintoma, e não a função do sintoma. Então é óbvio que eu vou ter problemas na escola. Eu não pensei no que gerou aquele comportamento. Eu não estou dizendo que não posso brigar, eu não estou dizendo que não pode tirar do recreio, eu estou dizendo que isso não é a solução, que isso pode ser um paliativo. Se a escola não entender o que está acontecendo, o que geram esses sintomas, a gente vai ter uma produção de sintomas”, explica Minetto.

É necessário lembrar-se que os comportamentos são complexos, e contextualizá-los é uma
forma de começar a entender o que motiva cada um. Quando isso aconteceu? Onde
aconteceu? Quem estava lá? São perguntas que podem mostrar o gatilho da ação.
Uma escola inclusiva investiga os acontecimentos e mantém conversas abertas com os pais,
tomando decisões conjuntas com os pais e ações que garantam autonomia e socialização
diariamente. Com criatividade, limite e afeto, a escola se torna um ambiente seguro para o
desenvolvimento da criança.

Mais informações: www.superspectro.com.br

 

COMPARTILHE

ENVIE SEU COMENTÁRIO