Alice pelo mundo da moda
Minha mãe conta que, desde os primeiros aniversários, nada me fazia mais feliz que rasgar os pacotes coloridos e encontrar roupas, sapatos ou arcos com laços. Diferente da maioria das crianças os brinquedos não eram o que mais me interessava, e, entre uma brincadeira e outra, gostava de tirar todas as roupas da gaveta só para dobrá-las outra vez.
Deve ter sido em um desses testes precoces para visual merchandiser que despenquei da cômoda e presenteei minha mãe com algumas horas de pânico. Anos depois, foi ela que me incentivou a trancar a faculdade de Direito, mesmo sabendo que a nova carreira poderia me causar alguns “tombos” até mais doloridos que aquele: eu queria estudar Moda.
Sabe aquela estudante que faz cursos de férias em Milão, pesquisa tendências em Londres e faz roteiro de Moda em Paris? Definitivamente não era eu. Fazer um curso em São Paulo já era difícil (ainda é). Fiz estágio em agência de modelos, em departamento de criação, em confecção, em empresa que confunde estagiário de Moda com vendedor, em consultoria de estilo… Aprendi muito. Não ganhei praticamente nada. Paguei para trabalhar, muitas vezes.
Esse ano completo oito de carreira na Moda. Depois de formada já trabalhei com produção de Moda, virei a madrugada fazendo styling para desfile, desenhei de vestido de festa à uniforme para cafeteria, e nada de chegar em Paris. A indústria da Moda é bem menos glamourosa do que se imagina. Foi trabalhando no varejo, em redes de fast fashion, que descobri seu pior lado. No mesmo lugar, comecei a transformar minha experiência em foco e aprendi muito sobre o mercado de trabalho. Uma experiência única. Ou vai dizer que pegar três ônibus às cinco da manhã para estar no shopping às seis não é uma aventura?
Brincadeiras à parte, quase dez anos depois de topar uma viagem sem volta para o universo fashion comprei minha passagem para ver e pesquisar Moda em Milão! (Na verdade, chegarei à Itália por Roma, mas Milão é uma “capital da Moda” e achei mais poético colocar assim).
Hoje quando ouço pessoas mais velhas dizendo que os jovens não tem paciência com a vida, sinto-me mais ao lado “deles” do que do “nosso”. Paciência é a palavra de ordem da minha mãe (de novo ela <3). Paciência tornou-se minha palavra de ordem para viver de Moda e para carimbar o passaporte. Paciência!!! Guardei uma cota para depois do check-in. Ainda tenho três horas em Guarulhos e mais de onze a bordo antes de descobrir como é a Moda no país da bota.
Em breve, vou dividir minhas descobertas com as Alices por aqui. Antes de partir, um aviso e um pedido: não vai ter foto com look do dia ou vídeo com compras na Louis Vuitton. Quanto ao pedido: não mandem spoiler do Masterchef!!!