Saudações!
Esta semana acompanhei um post no Clube da Alice sobre a maternidade.
Um texto no qual uma mulher, discorria sobre a sua percepção das situações que envolvem o dia a dia de uma “mãe de primeira viagem”.
O que me chamou atenção foi o desrespeito de alguns comentários! Não existe fórmula mágica para ser mãe e cada uma de nós passa por essa experiência singular de modo único.
Eu, por exemplo, comecei a sofrer desde que fiquei grávida! Kkk
Acordava a noite chorando, pensando que não saberia ser o que meu bebê precisaria!
Os nove meses foram muito sofridos, porque apesar de a Manuella estar superbem, eu estava muito acima do peso e tive que fazer dieta o tempo todo.
Cada consulta era um stress, seguido de um alívio porque tinha conseguido manter o peso.
Fiz cesariana, e não sou uma mulher cruel ou folgada, apenas era o procedimento mais seguro para nós duas. Minha pressão subia e ela, Manu, não “descia”.
Cabe aqui minha primeira consideração: cada MÃE com seu(sua) respectivo(a) médico(a) tem plenas condições mentais, emocionais, físicas e “extrasensoriais” de optar entre todos os métodos existentes, objetivando sempre o melhor para mamãe & bebê! Esta discussão infrutífera que, levianamente, fala que a mãe é menos mãe porque não “pariu”, e sim “cesariou” é INSANA, descabida e desnecessária!
Fica aqui o meu primeiro pedido: respeito a escolha dessa mulher! (que muitas vezes, como no meu caso, não foi escolha, foi a opção que cabia).
Quando enfim meu pacotinho de gente nasceu, já na maternidade, comecei a viver o que chamo de “desconstrução do mito da maternidade perfeita”.
Manuella se esgoelava de fome porque o tal colostro não descia e eu chorei junto com ela e senti em plenitude a sensação de IMPOTÊNCIA. Rezei para todos os santos que o tal leite viesse e me propus a fazer tudo o que fosse necessário para que meus peitos pudessem prover o que ela precisava.
A enfermeira me explicou que ela deveria “pegar o bico” e assim descobri que amamentar DÓI pra caramba!
Cada sugada, uma lágrima e foi assim por três longos e exaustivos meses! Não! Eu não parei de amamentar, antes que me crucifiquem! Só parou de doer e fomos firmes até os 9 meses!
Minha princesa tinha cólicas horrorosas e eu me desmanchava em lágrimas porque só sabia embalá-la, colocar pano quentinho e fazer massagem…
Ela trocava o dia pela noite e eu virei um zumbi ambulante!
Não tinha vontade de sair, nem conversar… Meu único desejo era DORMIR uma noite inteira! kkk
Quando comecei a me preparar para voltar a trabalhar, me senti a bruxa de Blair! Primeiro pela culpa de voltar a trabalhar e segundo pela culpa de estar feliz em ter outras coisas para fazer além de trocar fraldas e amamentar.
Como EU PODIA ME SENTIR FELIZ deixando meu bebê amado e indefeso sozinha, aos cuidados da avó e da babá?
Bruxa de Blair era pouco… Eu era o conjunto das piores vilãs que já existiram e ensinaria todas as que viriam! Kkkkk
Eu fui do ápice da beleza e mimo que toda grávida vive ao esquecimento e descaso completo: só a Manu existia! Sentia-me gorda, feia e desajeitada!
Sexy era uma palavra que insistia em sumir do meu vocabulário… Existia uma certa “santidade” na minha nova função e demorei a “aquecer” minhas baterias do amor! kkk
Eu morria de PREGUIÇA de amamentar no frio e me sentia culpada por isso! Como eu não morria de alegria por conseguir alimentar a minha cria?
Eu também, VIVI de alegria todos os dias com aquele sorriso mais lindo do mundo! Senti o maior orgulho do mundo por cada gracinha que ela fez! Eu fotografei cada etapa com minúcia de detalhes! Eu agradecia a todo momento pela bênção de ser a mamis da Manu!
Eu me emocionei em cada apresentação da escola e sabia que nasci pra ser mãe!
Sete anos depois, engravidei do Lipe! E achei que estava mais velha e mais madura e…
Cai do cavalo! Kkkk
Começou tudo de novo e vivi as mesmas pressões e culpas da vez passada e consegui a proeza de arrumar novas culpas e encucações pra mim!
Será que eu ia dar conta de dois? Será que eu ia conseguir amar o Lipe com TODO aquele amor doido que sentia pela Manu? Será eu ia conseguir ser mãe de menino? E por ai afora.
É fato sim que o segundo filho acaba sendo criado em outra vibe! Eu não sentia ciúmes se alguém queria pegar ele no colo, nem não ficava oferecendo álcool para todas as visitas! Lipe tomou sorvete aos seis meses e comia com certa regularidade a ração do cachorro! Kkkk Tirei menos fotos e revelei menos ainda, porque ele já pegou a fase da máquina digital…
Compreendi o conceito que “no coração de mãe sempre cabe mais um” e exercitei a minha ilimitada capacidade de amar! Vivi todas as emoções com ele como se fosse a primeira vez… E, de fato era, porque cada filho é um novo e lindo universo a ser amado!
Enfim, eu poderia ficar o dia todinho aqui escrevendo as recordações da Dani como mãe…
É, de longe, a melhor experiência que vivi na Terra. A que mais me ensinou e a que mais me fez crescer como ser humano. E, na mesma medida, foi a que me mais me custou e que me fez entender o conceito de resiliência.
Quis compartilhar a minha história, porque sinto que muitas de você irão se identificar com algumas situações… Essa é a minha verdade sobre a maternidade. Sei que irá concordar com algumas das minhas percepções e que outras pensará que são exageradas… E, sinceramente, isso não faz de mim ou de você, uma melhor ou pior mãe.
Apenas, como indivíduos únicos, lidamos e vivemos essa experiência de modo diferente.
A desconstrução do mito da maternidade perfeita é um dever de toda mãe para com suas irmãs de gênero que viverão ou vivem essa experiência! Cada mãe faz o melhor que pode e sabe!
Falar disso com propriedade e verdade. A maternidade é maravilhosa, mas dói. É um milagre, mas tem um preço. É libertadora, mas aprisiona. É um sonho onde se vive um misto de amor e dor, culpa e redenção a cada cinco minutos!
Para mim, a mãe perfeita não é aquela que não erra, mas sim aquela que vibra quando acerta e que se permite errar sem culpa.
Enfim, por favor, pratique a empatia e delicadeza. Se não for possível, respeito e educação!
Libertemo-nos! Respeitemo-nos! Emponderemo-nos! Amemo-nos!
Um beijo,
Dani