Tia Conegunda
Mariana estava toda animada para sua festa de 16 anos! Seria algo mais simples do que havia sido no ano passado, mas, ainda assim, era uma festa! Durante todo o mês anterior, ela e mãe Julia, haviam pensado em cada detalhe: convidados, decoração, comida, bebida, bolo, mesas e assim por diante.
Era um sábado de março e o sol ainda nem havia se posto completamente quando os convidados começaram a chegar: amigos, tios, primos e avós.
A festa foi deliciosa! Tudo simples mas com muito amor e carinho no aconchego do lar.
Lá pelas tantas, Julia foi chamar Mariana para se despedir dos convidados. Ficaram na porta frontal da residência, conversando com os amigos e agradecendo a presença daquele pessoal tão amado!
Quase no final da festa, Conegunda, tia-avó de Mariana, decidiu ir embora. Sacou um pote com tampa da bolsa, recolheu alguns doces, salgados e seguiu, sem cerimônia, para a porta.
Julia abraçou a tia, agradeceu a presença e gentilmente, perguntou se ela havia gostado da festa.
A tia respondeu “na lata”:
– Ah! Foi bacaninha mas não tinha a empadinha de palmito que eu gosto!
Mariana ficou roxa de raiva! Quando ia abrir a boca para responder, a mãe a olhou pelo canto dos olhos e ela se calou.
Julia sorriu para a tia e disse:
– Puxa tia Conegunda! Dá próxima vez que a senhora vier aqui em casa, vou providenciar suas empadinhas preferidas! Que bom tê-la conosco!
Quando os últimos convidados se foram, Mariana pode conversar com a mãe:
– Mãe! Que “tipo” aquela sua tia! Encheu o pandulho de comida, levou para casa um marmitex cheio e ainda reclamou que não tinha empadinha! E VOCÊ NAO FALOU NADA E AINDA PROMETEU EMPADAS PRA ELA! Não te entendo! Eu por mim tinha tido umas boas verdades para essa ingrata!
Julia sorriu e calmamente respondeu:
– Filha querida! Calma! Quem a tia Cone é não pode definir quem eu sou! Se ela é mal-educada, ingrata e deselegante, eu não sou! Por isso, decidi conscientemente, ser educada e gentil, no padrão “Julia de voar”.
Ambas riram e a mãe aproveitou a oportunidade para refletir com a filha sobre a temática tão rica: a gratidão.
Conheço várias Conegundas
A mãe convidou a filha para se sentarem um pouco:
– Mari, vamos sentar e comer alguma coisa? Aposto que está com fome!
Mari assentiu com a cabeça e a mãe foi preparar um pratinho para ambas. Quando se sentou ao lado da filha, confessou:
– Sabia filha que conheço muitas “tias conegundas”?
Mariana arregalou os olhos e brincou:
– Ainda bem que só traz uma em casa mãe! kkkk “Pelamor!”.
Julia sorriu e respondeu:
– Muitas estavam aqui com você hoje filha! As “conegundas” da vida são aquelas que só conseguem enxergar o que falta, fechando os olhos, imprudentemente, para o que “sobra”!
Veja, hoje tínhamos para servir: coxinha, risóles, doguinho, bolinha de queijo, brigadeiro, dois amores, bombons, bolo e bebidas. E a tia focou na única coisa que não servimos: empadinha!
Sua amiga Bruna, chegou aqui reclamando que não tinha uma roupa nova para usar, mas estava linda: unhas feitas, cabelos escovados e uma maquiagem leve! Ah! E com o par de brincos que a mãe tinha lhe dado hoje!
Seu pai reclamou que seu tio Pedro não veio. Ficou meio de bico e não conseguiu ver que o restante da família estava conosco!
As vezes fico imaginando como Deus se sente: deu-nos este planeta lindo, nos dá saúde, trabalho, abrigo, amigos, flores, animais de estimação, o mar, a lua e o sol e sempre nos dirigimos à Ele pedindo o que nos falta antes de agradecer o que já temos.
Mariana arregalou os olhos e depois baixou a cabeça…
-Aff mãe! Eu sou meio “conegunda” também! A primeira coisa que te falei foi da falta de noção da tia em vez de agradecer pela festa, pelos presentes que ganhei, pelos abraços, pela dança e por você ter feito tudo isso pra mim! Desculpa!
Julia abraçou a filha sorrindo e complementou:
– Minha linda! Que bom que você conseguiu entender e enxergar tudo que te “sobrou” hoje! O olhar sobre a falta é um mau hábito que temos que combater com o bom hábito de mirar no que nos “sobra”! Tem que ser um compromisso conosco mesmas! Uma prática diária!
Mariana serena, respondeu:
– Entendi mãe, mas me ajuda! Quando eu estiver fazendo isso me dá um toque! É tão automático!
Julia riu e concordou:
– Sim pequena, é meio automático! E também preciso da sua ajuda! Vamos combinar assim: uma ensina a outra! Cada vez que a gente estiver “conegungando”, mostramos um coração uma para outra! Assim lembraremos da primeira coisa que mais sobra entre nós: o amor!
Mariana abraçou de novo a mãe e combinaram:
– Sim mamis! Temos amor de sobra! Amor que faz desaparecer qualquer “falta”.
Finalmente, comeram os salgados tão gostosos, uma generosa fatia de bolo e foram, merecidamente, descansar!
Sei o quanto é desafiador mudar um hábito, ainda mais quando muitos que nos cercam têm o mesmo hábito que nós! Mas busque uma alma amiga e companheira! Convide-a para ler este texto e se ajudem! Mostrem corações uma para a outra e permitam que a gratidão inunde suas vidas!
É maravilhoso entender que temos muito para agradecer e praticamente nada para pedir!
<3
Sigo contigo no amor,
Dani
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