Promessas viram desculpas, comprometimento vira hábito
Olhem que interessante este texto do professor Carlos Alberto Maroueli:
“Numa fazenda do interior, vivia um pequeno camundongo que costumava andar livremente pela casa, durante a noite, especialmente na cozinha em busca de guloseimas.
Certa feita, ao sair para a sua incursão noturna, deparou-se com um objeto estranho, colocado bem próximo à saída de sua toca. Com os olhos arregalados de medo, notou que se tratava de uma horrenda ratoeira, pronta para lhe dar cabo à vida ao menor descuido.
Apavorado, o ratinho saiu correndo até o quintal, procurando a ajuda de seus amigos da fazenda.
A primeira que ele encontrou foi a galinha. Esbaforido, mal conseguia falar, e com a voz trêmula de medo disse:
– Dona galinha, ajude! Há uma ratoeira na casa.
Mas, para decepção do ratinho, a galinha não se mostrou nem um pouco preocupada, e virando as costas, disse apenas:
– Isso não é problema meu. Eu vivo aqui no quintal, minha função é botar ovos, não entro lá na casa, portanto não tenho nada a ver com isso.
O ratinho correu então em direção ao chiqueiro para falar com o porco.
– Sr. Porco, socorro! Há uma ratoeira na casa.
Porém o porco também não se mostrou nem um pouco preocupado e só disse ao ratinho:
– Meu amigo rato, eu sou um porco, nem sequer entro naquela casa, além disso, por que eu teria que me preocupar com uma simples ratoeira? Isso não é problema meu.
Saindo dali o pequeno camundongo foi direto ao curral em busca da ajuda da vaca.
– Sra. Vaca, socorro, o problema é grave, há uma ratoeira na casa.
No entanto, esta também não se mostrou nem um pouco disposta a resolver o problema e nem deu bola ao desespero do ratinho.
– Meu pequenino amigo, eu sou uma vaca, por que iria me preocupar com uma ratoeira? Eu vivo aqui no curral, minha função é dar leite, nem mesmo entro na casa. Além disso, sou tão grande que uma simples ratoeira jamais poderia me fazer mal.
O ratinho ficou desolado e durante vários dias ficou escondido em sua toca, com medo de ser apanhado pela ratoeira.
Certa noite, no entanto, ouviu-se um estalo, no meio da madrugada. Era o barulho da ratoeira desarmando e prendendo sua presa.
Ao ouvir o barulho o fazendeiro pulou da cama e correu até a cozinha onde estava a ratoeira, certo de que, desta vez, havia eliminado o ratinho. Mas, ao levantar correndo em meio a escuridão, não percebeu que o que a ratoeira havia prendido não era o ratinho, e sim o rabo de uma cobra venenosa, que furiosa, deu um bote e picou o fazendeiro.
Picado pelo animal peçonhento, o fazendeiro ficou vários dias entre a vida e a morte, deitado em sua cama, recebendo tratamento médico.
Depois de aplicar o soro, a primeira recomendação do médico à mulher do fazendeiro foi para que lhe preparasse alimentação reforçada. E nada melhor para um doente do que uma boa canja de galinha.
Já era a penosa!
Os dias foram se passando e, com o fazendeiro de cama, não havia ninguém para cuidar dos trabalhos na propriedade. O sítio começou então a apresentar problemas financeiros.
Sem poder levantar de sua cama o fazendeiro ordenou à sua mulher que vendesse a vaca ao frigorífico para saldar as dívidas mais urgentes.
E lá se foi a vaca. Virou bifes.
Quando finalmente o fazendeiro se restabeleceu, a alegria foi geral. Para comemorar, sua recuperação, convidou parentes, vizinhos e amigos para uma grande festa, onde foi servida uma bela feijoada, cujo ingrediente principal, além do feijão é claro, foi o porco.
Tchau porco!
Moral da história:
Quando há uma ratoeira na casa, todos correm perigo.
Transportada para o universo empresarial e corporativo, esta pequena fábula mostra a necessidade do comportamento colaborativo dentro das organizações.
Uma empresa que consiga altos índices de comprometimento por parte de seus funcionários, certamente terá uma enorme vantagem competitiva no mercado.
Um grupo comprometido é um recurso disponível para levar a diante os objetivos da empresa, pois o comprometimento é a disposição de agir positivamente e subentende uma forte identificação com os valores da organização. É a vontade de exercer esforço considerável em prol dos objetivos comuns.
Se houver um comportamento coeso e alto grau de comprometimento e colaboração dentro da organização, pode até ser que nem todos ganhem, mas certamente pode evitar que todos saiam perdendo.
Pense nisso quando alguém lhe procurar pedindo auxílio para resolver um problema.”
Se comprometimento é compromisso, engajamento, envolvimento, entrega, responsabilidade, empenho… então, é a palavra de ordem, na minha opinião.
Ultimamente o mundo se transformou em um mar de desculpas: “não te entreguei o trabalho porque meu carro estragou”, “não fiz sua encomenda porque o fornecedor não me entregou o material”, “não fui no seu evento porque estava chovendo”, e por aí vai.
Não estou aqui dizendo que o carro não pode estragar, o fornecedor furar com você ou ser difícil sair com muita chuva. O que quero dizer é que estas desculpas não podem se tornar frequentes e que a pessoa com quem você se comprometeu deve ser avisada da possibilidade do não cumprimento da sua parte e o mais rápido possível.
Comparo a organização de um evento com a dona de casa que faz um almoço para a sua família. Imagine você cozinhar sem ter a ideia se virão duas pessoas para almoçar ou a família toda, inclusive os parentes distantes. Não existe a menor possibilidade de dar certo, ou vai ser um super desperdício ou faltará comida.
Se você foi convidada para um evento, e confirma a sua presença, você se torna um número para o organizador. Ele contará com você na bebida, na comida, no espaço físico, na lembrança do evento e você provavelmente ocupará o lugar de outra pessoa que não foi convidada.
Quando você pega um trabalho ou uma encomenda, sem o comprometimento necessário, qualquer desculpa pode ser utilizada para não cumprir o prometido. E o pior, muitas vezes estas desculpas são para você mesmo.
Muitas pessoas querem o resultado positivo mas não se envolvem a ponto de conseguir o que desejam, falta o real comprometimento em seus atos.
Semana passado eu tive um grande exemplo do quanto o ato de se comprometer de verdade faz com que as pessoas façam o prometido mesmo acontecendo um mega imprevisto, uma situação totalmente desculpável.
A Roberta Matos, faz os porquinhos lindos que são presenteados todo mês a participante que mais se engaja no grupo Poupa Alice. Ela se “comprometeu”, no começo do projeto, em dar todos os meses um dos seu produtos que são a cara do grupo de presente para uma das meninas.
Então, voltando a história do comprometimento da Roberta. Cheguei na loja do Clube no Shopping Mueller e encontro o porquinho da ganhadora lá, quando fui agradecer a Roberta, olha a surpresa.
Ela me contou que o seu marido estava na fila para um transplante de rim e no dia da entrega do porquinho ele foi chamado para a cirurgia. E o que fez a Roberta?
Ela correu levar o marido para o Hospital, internou ele e voltou para casa finalizar a nossa entrega. Antes de voltar para o hospital, passou no Shopping Mueller para deixar o nosso mimoso porquinho.
Para quem ficou preocupada com o marido dela, ele fez a cirurgia, já está bem e logo se recuperará. Estamos todas na torcida para que tudo termine bem.
Ser comprometido é ser mais do que responsável, é ter a consciência que você é o único responsável pelo seu sucesso e/ou fracasso. Ser comprometido é acreditar nos seus sonhos e lutar com unhas e dentes por cada um deles. Ser comprometido é estar no comando de sua vida, é chamar para si as responsabilidades. Ahhh e para sermos comprometidos precisamos em primeiro lugar saber onde estamos e aonde queremos chegar.
Envolvimento e comprometimento são palavras muito diferentes. Os envolvidos executam a sua função e reclamam se lhes pedem outras tarefas. Os comprometidos, por seu lado, fazem tudo o que está ao seu alcance para que os objetivos sejam atingidos, encarando novas tarefas como oportunidades de aprendizagem.
FÁBULA DO COMPROMETIMENTO
Era uma vez quatro pessoas que se chamavam “Todomundo”, “alguém”, “Qualquerum” e “Ninguém”.
Havia um importante trabalho a ser feito e “Todomundo” acreditava que “alguém” iria executá-lo. “Qualquerum” poderia fazê-lo, mas “ninguém” o fez.
“Alguém” ficou aborrecido com isso, porque entendia que sua execução era de responsabilidade de “Todomundo”.
“Todomundo” pensou que “Qualquerum” poderia executá-lo, mas “Ninguém” imaginou que “Todomundo” não o faria.
Final da história; “Todomundo” culpou “Alguém” quando “Ninguém” fez o que “Qualquerum” poderia ter feito.
Convido você a repensar em como tem agido nos últimos tempos: comprometido, envolvido ou mentindo para si mesmo?
Cuidado, pois quando há uma ratoeira na casa, todos correm perigo.
Beijos e uma ótima semana para todos!!!